Anfavea aumenta projeção para o ano
ANDRÉA CORDIOLI
DO JORNAL DO COMMERCIO
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisou para cima, nesta quinta-feira, todas as projeções para a indústria este ano. As vendas de veículos no mercado interno devem crescer 24,5%, alcançando 3,060 milhões de unidades. A previsão anterior era de alta de 17,5% no ano. Do total, 2,645 milhões de carros terão fabricação nacional e 415 mil serão importados, com crescimentos respectivos de 21% e de 49,8% sobre 2007.
“A indústria atingiu novo patamar de vendas. Até maio do ano passado, as vendas mensais não ultrapassavam as 200 mil unidades. Desde então, estamos na casa dos 230 mil licenciamentos”, afirmou o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. O executivo avaliou que o setor vive expansão cadenciada, saudável e de longo prazo e que, a partir de agora, os crescimentos serão em níveis menos expressivos que os verificados até então.
De janeiro a maio deste ano, as vendas de carros cresceram 30,3% sobre igual período do ano passado, no total de 1,151 milhão de unidades – recorde do setor. A Anfavea também revisou o crescimento da produção neste ano de 8,9% para 15%, atingindo 3,425 milhões de veículos. No acumulado deste ano, a produção de carros também atingiu recorde histórico, de 1,380 milhão de carros, com avanço de 21% sobre igual período de 2007.
Segundo Schneider, a indústria tem capacidade para produzir 3,85 milhões de veículos neste ano, número que irá alcançar 4 milhões em 2009 e superar a marca de 5 milhões de carros por ano em até cinco anos. Só neste ano, as montadoras irão investir US$ 5 bilhões no aumento de capacidade e toda a cadeia automotiva, incluindo autopeças, deverá desembolsar US$ 20 bilhões até 2011. “E mais investimentos serão anunciados este ano”, disse.
Schneider não demonstrou preocupação com a alta dos juros do setor, de 20,7% em abril de 2007 para 21,1% em abril deste ano, nem com o aumento da inadimplência de 3,2% para 3,4% na mesma comparação de períodos – índice que ainda se encontra! na meta de da inadimplência dos bens em geral. Foi a primeira vez que os juros do setor subiram neste ano, acompanhando, segundo Schneider, os dois últimos aumentos da taxa Selic. “E vai aumentar ainda mais, porque a curva de juros do mercado futuro está subindo”, acrescentou.
Ainda assim, Schneider avaliou que as altas da Selic não têm afetado o mercado, a ponto de interromper o crescimento cadenciado. Ele também descatou preocupação com a inflação, considerando-a “sob controle”. A indústria automotiva fechou maio com estoque de 26 dias, ante 22 dias de abril, e 661 empregos a mais entre os meses, no total de 126.531.
ACORDOS. O presidente da Anfavea comemorou o acordo automotivo fechado recentemente entre Brasil e Argentina, que vale por cinco anos e pelo qual para cada dólar que o Brasil importar em carro da Argentina poderá exportar para aquele país US$ 1,96 sem pagar tarifa. Na outra ponta, para cada dólar que a Argentina importar em veículo do Brasil ela p oderá exportar para cá US$ 2,50. Segundo o executivo, a tarifa está dentro da dinâmina de cada um dos mercados.
“O acordo é muito bom e favorece os dois países. Estamos muito felizes”, comentou Schneider. Ele também se mostrou satisfeito com o programa Pró Veículo – assinado há poucos dias pelo governador do Estado de São Paulo -, que permite a utilização dos créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para investimentos na expansão da indústria no estado. Schneider discordou que o setor tenha recebido tratamento diferenciado.
“O governo do estado está construindo programas setor por setor, como já fez com cerâmica e avicultura. A sistemática é muito positiva e vai estimular mais investimentos da indústria no estado”, disse. Schneider só criticou recente estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), segundo o qual o setor automotivo terá mais desonerações que os demais na nova política industrial do governo. “Há equívoco de conceito. O benefício é horizontal, para tod! os. Quem investir mais, terá mais benefício”, esclareceu.
O presidente da Anfavea também revisou as projeções para as exportações de veículos neste ano. Se antes era esperada queda de 5,1% em volume e manutenção dos valores vendidos ao exterior, agora a entidade acredita que a quantidade de carros exportada irá cair só 1,0% neste ano, para 780 mil unidades, enquanto em valor haverá alta de 7,4%, para US$ 14,5 bilhões. De janeiro a maio, as exportações caíram 4,1% em quantidade, para 300,6 mil, e subiram 10,6% em valor, para US$ 5,618 bilhões.
DEMANDA. Para o executivo, a revisão dos números deve-se à elevada demanda de alguns países da América Latina, como Argentina, Venezuela, Colômbia, Chile e Peru, e à venda ao exterior de unidades de maior valor agregado, como máquinas agrícolas e caminhões – puxados pelos altos preços das commodities -, além de ônibus. Na ponta inversa, a Anfavea também revisou a alta das importações neste ano de 43,6% para 49,8%, em 415 mi l veículos, não só pelo câmbio, mas em função de algumas montadores terem transferido produção para a Argentina.
Outras previsões alteradas para cima pela Anfavea foram a de vendas de máquinas agrícolas, que devem atingir 53,1 mil neste ano, com alta de 38,6% sobre o ano passado, e a de produção dessas máquinas, no total de 850 mil, com aumento de 30,8% ante 2007. Anteriormente, a Anfavea projetava crescimento de 14,9% nos licenciamentos de máquinas agrícolas e de 9,5% na produção. De janeiro a maio deste ano, as vendas dessas unidades cresceram 52,8%, para 20,3 mil, e a produção subiu 41,5%, no total de 32,5 mil.
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