Tegma exporta experiência do ABC paulista

Guilherme Manechini – Valor Econômico
16/10/2007

Entre embarques e desembarques, dois mil veículos passam diariamente a bordo de cerca de cem caminhões cegonha pela sede da Tegma, em São Bernardo do Campo (SP). O bairro Demarchi, onde fica a fábrica da Volkswagen, é um pólo da indústria automotiva brasileira e, como não podia deixar de ser, o trânsito de caminhões cegonha com veículos novos é bastante significativo, chegando a impressionar quem não mora nas redondezas. Até então nenhuma novidade, não fosse o desejo da Tegma de reproduzir o mesmo cenário na cidade de Valencia, na Venezuela.

É nesta cidade que está localizada a fábrica da GM no país. Foi por causa da montadora que a Tegma e a Quinta Rueda – companhia de empresários venezuelanos – decidiram investir US$ 10 milhões (25% da Tegma) até o final de março de 2008 para montar a operação de transporte de veículos. A princípio, o foco da Tegma Venezuela é atender à GM, mas a idéia é conquistar também Ford e Toyota, ambas com fábricas no país. Para o presidente da Tegma, Gennaro Oddone, os índices de produtividade das empresas locais são muito baixos, o que permitirá o avanço da operação para outras montadoras.

“São equipamentos antigos e de baixa produtividade. Sem falar que parte da produção chega rodando até as concessionárias”, descreve o executivo. Assim que o investimento for realizado por completo, a Tegma Venezuela contará com 60 conjuntos – cavalo e carreta – e capacidade para transportar 10 mil veículos por mês. Para efeito de comparação, o negócio da Tegma no Brasil envolve 2,5 mil conjuntos e transportou no ano passado aproximadamente 730 mil automóveis.

Até o momento, a filial venezuelana conta com 22 conjuntos. O investimento até o final deste ano será de US$ 5 milhões, dos quais US$ 1,25 milhão serão investidos pela Tegma. Oddone não revelou quem são os empresários proprietários da Quinta Rueda. Limitou-se a informar que são “empresários locais ligados ao setor automotivo. Alguns são donos de concessionárias”. A própria Tegma tem entre seus sócios o grupo Itavema, um grande concessionário.

Além da operação na Venezuela, o executivo não descarta outros mercados latino-americanos já em 2008. “A América Latina é considerada um grande bloco pelas montadoras e isto pode se traduzir em boas oportunidades para nós. Estamos atentos”, diz.

No Brasil, segundo Oddone, a empresa pretende acompanhar o crescimento da indústria automotiva em 2007 (previsão de alta de 22% na comparação com 2006). No segundo trimestre, o avanço no número de veículos transportados foi de 17% sobre o mesmo período do ano passado. Os investimentos serão de R$ 55 milhões até R$ 65 milhões.

A Tegma adquiriu neste ano as transportadoras Boni/GATX e CLI. De acordo com cálculos da empresa, as transações acrescentariam a receita do ano passado R$ 129 milhões. Assim, o faturamento pro forma de 2006 foi de R$ 555 milhões. Outro passo importante da Tegma foi sua abertura de capital e listagem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A companhia captou R$ 525,2 milhões com a venda de 30% de seu capital.

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