Tegma Logística declara aberta a temporada de aquisições

Tegma Logística declara aberta a temporada de aquisições

Gazeta Mercantil
Ariverson Feltrin
São Paulo

Depois de abrir o capital e captar R$ 600 milhões na bolsa, a Tegma Gestão Logística, com sede na rota Frango com Polenta, em São Bernardo do Campo (SP), declarou aberta oficialmente sua temporada de aquisições de empresas que exploram atividades de transporte de cargas, gestão de estoques e armazenagem.

Do captado, foram reservados R$ 300 milhões, das emissões primárias, para compras de empresas que promovam a expansão da Tegma, hoje já classificada entre os maiores operadores logísticos do País com um faturamento previsto entre R$ 680 e R$ 720 milhões para o ano de 2007.

A Tegma nasceu sob o signo de integração de empresas, em 1998, com a denominação Axis Sinimbu, produto da unificação das operações logísticas de três das mais tradicionais transportadoras: Schlatter, Sinimbu e Transfer, especializadas na atividade de logística automotiva, especialmente carros zero km.

Em 2001 a Axis Sinimbu deu mais um passo de consolidação ao comprar da Ryder o braço de transporte carros zero km que foi da Translor Veículos, criada em 1958 pelo empresário Walter Lorch. A Ryder, uma das maiores transportadoras do mundo, de origem norte-americana, comprou a Translor, mas não ficou com o negócio de transporte de veículos zero-quilômetro.

Domínio em carros zero

A Tegma adotou o nome atual em 2002, com dois sócios, o grupo Coimex e Itavema-Sinimbu. A partir da abertura do capital, os dois grupos passaram a deter dois terços do capital. Outro terço está no mercado. O maior negócio é o transporte de carros zero km. A Tegma escoa um terço dos carros da produção de veículos.

A frota de transporte utilizada pela Tegma – a grande concentração para o transporte de carros – é de 2,5 mil equipamentos, 90% pertencentes a terceiros, os chamados ‘cegonheiros’, categoria certamente entre as mais fortes entre os caminhoneiros do Brasil pela carga cativa, crescente, de alto valor agregado que permite bons fretes e renovação constante dos caminhões.

Fase de internacionalização

Ano passado a Tegma fez a gestão da movimentação de 730 mil veículos, cerca de um terço da produção de carros e comerciais leves. Em 2007, também responderá por um terço dos veículos movimentados, equivalendo a cerca de 900 mil unidades.

Na política de consolidar a expansão para criar escala, a Tegma deu seu primeiro passo na internacionalização operacional ao estrear no final de setembro no mercado de transporte venezuelano de veículos zero quilômetro ao constituir a Tegma Venezuela. A empresa brasileira, dona de 25% do capital, responde pela gestão administrativa e operacional. A estratégia do negócio será tomada em decisões compartilhadas entre os sócios venezuelanos, empresários estabelecidos no ramo de automobilístico e que constituíram a Promotora Quinta Rueda C.A.

O momento é certo para entrar. O mercado venezuelano de veículos, nos primeiros oito meses do ano, cresceu 52,5% para 302.853 unidades. “Esta parceria com investidores locais nos auxiliará no conhecimento de um mercado importante na América Latina, onde inicialmente vamos atender nosso principal cliente, a General Motors”, disse o presidente da Tegma, Gennaro Oddone. A previsão é ampliar a atuação para outras montadoras.

Da receita da Tegma, 80% vêm da cadeia automotiva – transporte de carros zero km e gestão de pátios e estoques das montadoras. Os restantes 20% derivam de outros segmentos. A tendência, segundo Oddone, é que operações de transporte e logística fora do segmento automotivo cresçam – situação que deve ocorrer com a incorporação, recente, da Boni/Gatx e da CLI (Coimex Logística Integrada). As duas empresas adicionaram no primeiro instante 20% à receita da Tegma Logística.

Consolidação inevitável

Vários setores são cobertos pela Tegma. Além do transporte na cadeia automotiva, ela movimenta produtos químicos, suco de laranja, papel e celulose, derivados de petróleo, álcool e produtos frigorificados. Para a atividade de telecomunicações, farmacêutica e de eletroeletrônicos opera na gestão de estoques. “O transporte é a grande força e representa 80% do nosso faturamento”.

Para Oddone, a consolidação é inevitável para crescer. “Dentro de cinco anos, o mercado terá um grupo de grandes empresas, não superior a vinte, com receita acima de R$ 1 bilhão, capazes de acompanhar a evolução da logística e responder aos anseios e demandas dos clientes”, diz para acrescentar. “É preciso ter escala para manter uma área de projetos de softwares, onde temos oito engenheiros”, exemplifica.

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